Trump faz advertências a Hamas e Irã após se reunir com Netanyahu
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu o Irã sobre novos ataques, e disse que o Hamas "vai pagar caro" caso não se desarme, ao apresentar nesta segunda-feira (29) uma frente unida com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Durante uma entrevista coletiva com Netanyahu após uma reunião no estado da Flórida, Trump ameaçou "erradicar" qualquer tentativa de Teerã de reconstruir seu programa nuclear ou seu arsenal de mísseis balísticos após os ataques dos Estados Unidos a Israel em meados do ano. Também minimizou as informações sobre um clima de tensão com Netanyahu em relação à segunda etapa do cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O presidente americano afirmou que Israel havia "cumprido" seus compromissos, e que a responsabilidade recaía sobre o grupo islamita palestino Hamas. "Se não se desarmarem como concordaram, vão pagar caro", declarou. Mais cedo, o braço armado do Hamas havia reiterado que não entregaria suas armas.
Netanyahu destacou que o encontro com Trump foi "muito produtivo", e anunciou que Israel vai conceder a ele a mais alta honraria civil do país.
Trump, que se autoproclama "presidente da paz", quer avançar para a próxima fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza, que prevê a instauração de um governo palestino tecnocrático e o envio de uma força internacional de estabilização.
- Irã -
Apesar de alguns na Casa Branca temerem que Netanyahu esteja atrasando o processo, Trump disse ter "muito poucas diferenças" com o primeiro-ministro israelense. "Não estou preocupado com nada que Israel esteja fazendo. Cumpriram o plano."
Durante a reunião, a quinta entre os dois líderes realizada nos Estados Unidos neste ano, o Irã esteve na pauta. Funcionários e veículos israelenses temem que Teerã esteja reconstruindo seu arsenal de mísseis balísticos, após uma guerra de 12 dias com Israel em junho.
Trump indicou que o Irã poderia "estar se portando mal" e que Teerã buscava novos sítios nucleares para substituir aqueles atacados pelos Estados Unidos em junho, além de recuperar seus mísseis.
"Espero que não estejam tentando voltar a acumular armas, porque, caso estejam, não teremos outra opção a não ser erradicar muito rapidamente esse acúmulo", disse Trump, ressaltando que a resposta americana "poderia ser mais potente do que da última vez".
No entanto, o presidente americano disse acreditar que o Irã segue interessado em um acordo com Washington sobre seu programa nuclear e de mísseis.
Teerã nega querer se dotar de armas nucleares. "A capacidade balística e a defesa do Irã não podem ser contidas nem submetidas a autorização. Qualquer agressão vai enfrentar uma resposta severa imediata", publicou no X o assessor Ali Shamkhani.
O Irã denunciou hoje que essas ameaças não passavam de uma "operação psicológica" contra o país. Teerã enfatizou que está preparada para se defender, e que uma nova agressão como a de junho teria "consequências mais graves" para Israel.
- 'Reconstrução' -
As conversas entre Trump e Netanyahu também se concentraram em outros focos de tensão no Oriente Médio, como a Síria e o movimento libanês Hezbollah. O presidente americano ressaltou sua esperança de que Netanyahu tenha uma boa relação com o presidente sírio, Ahmed al-Sharaa, um ex-comandante rebelde islamita próximo da Casa Branca que liderou a queda de Bashar al-Assad no ano passado.
A visita de Netanyahu aconteceu na sequência de dias frenéticos de diplomacia internacional em Palm Beach, onde Trump recebeu ontem seu colega ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir o fim da guerra desencadeada pela invasão russa.
O cessar-fogo na Faixa de Gaza foi uma das principais conquistas do primeiro ano do novo mandato de Trump. O site Axios destacou que ele deseja fazer anúncios em janeiro sobre um governo interino e uma força internacional.
O presidente americano, no entanto, deu poucos detalhes, além de dizer que espera que "a reconstrução" possa começar em breve no território palestino. Já o desarmamento do Hamas segue sendo um ponto de atrito.
"Nosso povo se defende e não abrirá mão de suas armas enquanto a ocupação perdurar. Não se renderá, ainda que tenha que lutar com as mãos vazias", disse o porta-voz das Brigadas Ezzedine al-Qassam, em mensagem de vídeo.
O.McCarthy--IP